Gatinha no Cio ou Adolescente na Menopausa?

Para que reflexos sobre a existência quando podemos ter a vida inspirada concentricamente numa única espécie, perfeita em sua imperfeição? E como descrer da segurança que tal ser traz, mesmo sem ter grandes atributos sociais? Perguntas como essas não terão suas respostas aqui, pois hoje sei que não tenho gatos, bem como ninguém os têm; mas, sem dúvida alguma, eles me têm, e certamente sabem manipular isso da melhor forma em sua vida. Saberia eu também?

Tuesday, July 12, 2005

Espreguiçando na Cadeira

Dizem que os gatos assumem a personalidade de quem mais se devota a eles nos seus primeiros meses de vida; meses é um tempo que varia nesse caso, de três semanas à dois meses, mas chamemos de meses. _É estranho isso, pois dessa forma podemos adotar filhotes em vários momentos de nossa vida e, posteriormente, ter uma análise prática do quão dócil ou insuportável estávamos num determinado período.
Devo adicionar então, como uma adepta da criação em massa de animais de rua (nunca comprei nenhum gato, cachorro ou rato, todos foram ganhos ou achados) a ironia que me foi ao descobrir essa teoria, tendo então três lindos gatos, irmãos, adotados todos juntos e todos criados e amados, obviamente, por mim.
Vi minha personalidade dividida em três faces dóceis e meigas (sim, eu ainda era uma ingênua adolescente que amava as flores e o céu azul, e não se importava com a fumaça que sai dos carros), uma face preguiçosa mas investigativa, outra dócil e dedicada e uma terceira face (ou terceiro olho, até) que via o que ninguém via; sim, a maga, aquela que há em toda a mulher, por mais que ela se recuse a ver.

Com o passar do tempo, é triste, mas tais atributos vão caindo da nossa vida. Será que tais seres, tão lúdicos e tão reais ao mesmo tempo compreendem isso?
Chega a maturidade.
Chega a vivência.
Satura-se a alma.
Peca-se.

Cai o terceiro olho. A verdade é clara, e o mundo desestrutura. Sempre dá medo perder aquilo que não se conhece com certeza. A Delicadeza e a Preguiça se unem, e dão origem ao Desespero Desorientado, cheio de pânico por pessoas que podem afeiçoar-se por ele pois ele, na verdade, pode falhar com elas também. Vendo um ser desses, a Delicadeza não existe mais.

A Preguiça não é autodestrutiva, como todos pensam. Inclusive, a Preguiça muitas vezes ajuda. Reconforta o Desespero e, mesmo assim, permanece investigando suas verdades. E mais: desvenda a todos os mistérios omissos.

Pode parecer uma ironia, mas os adjetivos lúdicos da infância não chegaram ao fim da história. E é daqui que seguirei para um futuro, torcendo para que ele seja, pelo menos, mais surreal que a realidade atual do mundo...

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