Gatinha no Cio ou Adolescente na Menopausa?

Para que reflexos sobre a existência quando podemos ter a vida inspirada concentricamente numa única espécie, perfeita em sua imperfeição? E como descrer da segurança que tal ser traz, mesmo sem ter grandes atributos sociais? Perguntas como essas não terão suas respostas aqui, pois hoje sei que não tenho gatos, bem como ninguém os têm; mas, sem dúvida alguma, eles me têm, e certamente sabem manipular isso da melhor forma em sua vida. Saberia eu também?

Saturday, July 30, 2005

Fritando o Croquete (ou para que serve a Farinha de Rosca no Risoles?)

Tem pouco tempo, um novo ser de minha vida (recém surgido do nada) me veio com uma nova: "os olhos dos gatos me instigam medo".
Medo?
Medo.
Avaliam demais, sabem demais, e ainda assim são expressivos demais. São superiores, sabem disso. Calam-se por isso.

Não satisfeita, pensei cá para com meus Croquetes... realmente, minhas respostas mais brandas, bem como as mais bruscas vieram de um gato. As mais coerentes também. As reflexões não.
Os colos, quando preciso, eles se aninham e pedem. E esta é uma curiosidade: Quanto mais a gente precisa, mais eles nos tomam.... E assim, mais necessária a gente se torna quando nos achamos imprestáveis.
Mas ainda avaliando aquelas palavras que realmente me instigaram, resolvi brincar. Aliás, estou jogando o mundo para cima: não tenho mais nada a perder; hora de brincar com tudo, e testar para que serve até o umbigo!

Até aonde vai a sabedoria mística de um animal, ser da terra, ser mágico? Devo realmente ter medo de sua inteligência???

A resposta, para meu choque bruto, foi sim.

Pode parecer a coisa mais patética que alguém ja fez. Talvez eu seja a pessoa mais patética que já existiu, mas minha mãe me xingou e indicou sérios problemas mentais quanto a minha pessoa por causa de tal ação: meu gato me ajudou a cozinhar.

OK, coisa simples; ele comeu umas carnes no meio, não mexeu no fogo nem picou cebola. Mas foi ele quem escolheu todos os temperos que seriam utilizados.

Até minha mãe ficou pasma, pois o sabor ficou muito bom de uma combinação de temperos inesperada (quem diria que noz moscada ficaria bom num strogonoff???) e ela viu o gato aprovando ou negando os temperos oferecidos.

Bem, não vou babar o ovo do meu gato mais um pouco, mas ainda estou pasma de ver como até um gato consegue superar grande parte das pessoas de hj em dia. Agora ele está comendo sua super saudável comida, que ele não aceitou comer sem o extra de vitamina, que ele sabe que ele tem de ingerir por causa da saúde dele (a pediatra ja explicou, além de eu conversar sempre com ele sobre isso). Sim... ele além de tudo escuta tudo o que falamos, presta atenção e entende... ou, pelo menos, num longo período de tempo depois, ainda age como se soubesse a que intuito agimos daquela forma, tanto conosco, quanto com ele. (Nossa, as pessoas hoje não são assim!!!)

Mas ainda me pergunto... Seria uma superioridade felina, um olho aguçado que consegue determinar o que fazer e uma forma apropriada de atuar, ou um coração aberto e uma capacidade de sentir e viver maior que a que liberamos para o resto de nós mesmos?

Friday, July 22, 2005

Revendo o Passado...

Tem bastante tempo, um amigo meu (pelo menos o considerava assim) pediu que eu explicasse ao mundo minha afinidade com gatos, e, simultaneamente, explicasse o por que não crio cachorros. Depois de muito tempo, a pediatra dos meninos botou pilha, e hei de explicar-me novamente.
Todos sabem, creio eu, que tenho os dois bebês mais lindos do mundo, o Croquete e o Risoles. Fruto de minha placenta peluda, não deixo de me gabar por tais crias, que amo incondicionalmente em épocas de sequidão amorosa.
Encontrei o Crô, junto de suas saudosas irmãs, a Pê e a Abra, numa caixa. Não tinham ainda aberto os olhos e, ao que tudo indica, se não fosse a Família Freitas os adotar, nunca teriam sobrevivido.
Logo, hei de me fazer valer. Qual a diferença principal entre cães e gatos? E entre seus donos?Vou começar calmamente.
Eu poderia dizer que cães comem seu próprio vômito, mas gatos volta e meia também fazem isso. Posso dizer que gatos são interesseiros (por mais que isso seja apenas uma crendice popular barata), mas cães também o são, por mais que isso contrarie muita gente.
Exatamente. O cão é um devoto cego. Exige o fundamental de ti, sem te obrigar a se esforçar. É agressivamente carente, não tem noção de individualidade. Excelente companheiro, mas um companheiro que é capaz de atravessar a barreira do bom senso e de exigir estar presente o tempo inteiro. Adoro cães, mas nestas circunstancias torna-se impossível criá-los.
O gato tem personalidade. É capaz de argumentar e insistir, bater boca e discutir pelo que acredita. Ele só segue quem confia, e não confia em qualquer um. Sabe agredir e pedir desculpas, bem como ouvir quando precisamos. Lunáticas como eu podem, ainda, afirmar que as principais resoluções de vida saíram dos olhos de um gato.Não é fácil conviver com um gato. Há uma constante luta por espaço, e ele sempre é capaz de te empurrar da tua própria cama. Eles determinam territórios, e quando entram num novo recinto deixam seu cheiro para se sentir em casa: mijam nos quatro cantos da casa.Posso ainda dizer que gato sempre busca te instigar a novas coisas, novas situações, novos argumentos, e raramente estão satisfeitos.
Fazem muitos anos que não crio cachorros. Minha última cã era atacada todo dia pelo Croquete, e insistia em pular em cima dele tentando brincar. Isso é a síntese de um cão: não tem noção de espaço nem de perigo, além de confiar muito facilmente e estar sempre contente.Isso me incomoda!Muitas pessoas que só criaram cães na sua vida insistem que ele é o melhor amigo do homem. Isso depende... qual a noção de amizade das pessoas? A minha concepção vai muito além disso! Amigo é aquele que te ajuda, mas que te critica, porque quer o melhor pra ti, e não é hipócrita de te fazer acreditar que tu está perfeito como está.Claro, devemos fazer um adendo e dizer que pessoas mais inseguras ou que têm um histórico muito dolorido com relação a outras pessoas devem criar cães, porque eles passam uma segurança em si que outro animal qualquer não é capaz. Mas, logo que bem adaptado com o cão, adote um gato! Agora, pessoas mais enérgicas precisam do gato pela razão que ele transmite, bem como pelo pensamento mais racional que ele instiga. Um animal independente deve ser educado (porque gatos não são comandados) por uma pessoa que dê a ele essa liberdade que ele precisa. Que não reprima os instintos, e ainda deixe a vontade para expressar seus sentimentos.São poucos que chegam ao coração do gato, e menos ainda os que permanecem nele.Saber que se está entre poucos, faz bem para o ego. Saber que perpetua num ser faz bem para a alma.

Friday, July 15, 2005

Sobre Gatos, Croquetes, Jogos e Australopitekus

Sempre surge, no meio da multidão absurda que cruza o meu mundo insano, alguém que tem a petulancia de me dizer que não gosta de gatos. Os mais dóceis me dizem que não gostam muito de gatos, ou não os criariam, ou ainda tem aqueles que dizem que preferem cachorros. Sempre tem desses. Pobres coitados...

Hoje, numa brilhante discussão sobre jogos de homens e mulheres com meu bom amigo virtual, deparei-me com a semelhança já antes captada, mas nunca antes colocada em palavras; o animalesco que perpetua ainda hoje no ser humano. Deixe explicar tudo, pois tudo tem sempre uma boa explicação: eu, como mulher, me perco sempre em ações masculinas, e sei que minhas amigas também.
Logo, a dedução óbvia é que o homem está jogando. E vice e versa. Mas homens sempre valem-se da máxima de que mulherem competem entre si, e se vestem umas para as outras e coisas assim.
Neste momento, olho para Croquete, meu querido felino e o homem ideal _ bonito, carinhoso, boêmio, bom pai, afetuoso, direto e com defeitos bem estruturados_ e penso na realidade lida na Istoé desses tempos: onze mulheres para cada homem.

Agora, vamos unir os fatos. Homem não tem mais de ser como o Croquete; poucos tentam se aprimorar, pois estão garantidos a partir do momento que sempre tem uma guria matando o cachorro a grito. As mulheres, enquanto isso, vêem os guris mais bêm tratados e saem a tapa por ele, mesmo ele sendo um lixo de ser humano, pois a maioria anda assim, sem se dar valor, sem dar valor a nada nem ninguém. Onde mais se vê uma cena como essa?
Oras, em qualquer savana ou lugar que contenha animais selvagens. Vamos rever: o leão macho, felino, rei das selvas, explendoroso e que pode tudo, pois ele domina o território. Sim, ele é potente, forte, bravo, esbelto e... bastante preguiçoso. Basicamente, é um bom reprodutor, e só está ali, no meio de suas não sei quantas fêmeas, que o alimentam, o aquecem e guiam o grupo, porque ganhou uma briga com outro felino mais fraco que ele, e assim seguiu a lei do mais forte (que ainda segue entre nós, aceitando ou não).
As fêmeas passam seu dia caçando, mantendo o grupo e os filhotes e lutando pela atenção do macho, e, acreditem se quiserem, esforçando-se para que ele faça xixi sobre ou perto delas, para assim determiná-las uma "propriedade". Elas têm de disputar a preferência do macho, pois o filhote macho mais velho tende a ser o próximo líder do bando. Logo, elas têm de ser engravidadas logo, e tudo passa a ser um jogo de atenções.Mesmo assim, essa idéia de jogo é intrigante; elas são devotas, cegas e inimigas, e simultaneamente são independentes, astutas e amigas a ponto de amamentarem os filhotes umas das outras, bem como defendê-los do seu predador maior: o próprio pai. A morte do filhote é sinônimo de novo cio da mãe.

Jogos ou divagações minhas, humanos ou australopitekus, gênios ou imbecis, as diferenças estão aí para quem quiser me dizer que não gosta de gatos. Ou que não se gosta.
São jogos? são devaneios? Ou então, o que são? Eu não sei...

... só sei que ainda prefiro deitar e alisar o Croquete do que me deparar com a maioria dos animais que andam por aí hoje em dia... o Croquete é mais Homo Sapiens que a maioria...

Tuesday, July 12, 2005

Espreguiçando na Cadeira

Dizem que os gatos assumem a personalidade de quem mais se devota a eles nos seus primeiros meses de vida; meses é um tempo que varia nesse caso, de três semanas à dois meses, mas chamemos de meses. _É estranho isso, pois dessa forma podemos adotar filhotes em vários momentos de nossa vida e, posteriormente, ter uma análise prática do quão dócil ou insuportável estávamos num determinado período.
Devo adicionar então, como uma adepta da criação em massa de animais de rua (nunca comprei nenhum gato, cachorro ou rato, todos foram ganhos ou achados) a ironia que me foi ao descobrir essa teoria, tendo então três lindos gatos, irmãos, adotados todos juntos e todos criados e amados, obviamente, por mim.
Vi minha personalidade dividida em três faces dóceis e meigas (sim, eu ainda era uma ingênua adolescente que amava as flores e o céu azul, e não se importava com a fumaça que sai dos carros), uma face preguiçosa mas investigativa, outra dócil e dedicada e uma terceira face (ou terceiro olho, até) que via o que ninguém via; sim, a maga, aquela que há em toda a mulher, por mais que ela se recuse a ver.

Com o passar do tempo, é triste, mas tais atributos vão caindo da nossa vida. Será que tais seres, tão lúdicos e tão reais ao mesmo tempo compreendem isso?
Chega a maturidade.
Chega a vivência.
Satura-se a alma.
Peca-se.

Cai o terceiro olho. A verdade é clara, e o mundo desestrutura. Sempre dá medo perder aquilo que não se conhece com certeza. A Delicadeza e a Preguiça se unem, e dão origem ao Desespero Desorientado, cheio de pânico por pessoas que podem afeiçoar-se por ele pois ele, na verdade, pode falhar com elas também. Vendo um ser desses, a Delicadeza não existe mais.

A Preguiça não é autodestrutiva, como todos pensam. Inclusive, a Preguiça muitas vezes ajuda. Reconforta o Desespero e, mesmo assim, permanece investigando suas verdades. E mais: desvenda a todos os mistérios omissos.

Pode parecer uma ironia, mas os adjetivos lúdicos da infância não chegaram ao fim da história. E é daqui que seguirei para um futuro, torcendo para que ele seja, pelo menos, mais surreal que a realidade atual do mundo...

Friday, July 08, 2005

Esquerdando o Começo...

É de olhar meu amado gato aqui, deitado no meu colo _ coisa que ele odeia, e só o faz porque fechei a porta e está muito frio, então ele não tem outra alternativa quente_ que resolvi escrever.
Faz um certo tempo que a pediatra dele, que ele tanto odeia, me insiste para narrar suas aventuras pela minha vida, porque o coitado deve sofrer nas minhas mãos de uma forma tão despendiosa que ninguém deve imaginar tamanhas torturas psicológicas um ser tão dócil é capaz de fazer comigo. E vice-versa. (*Quem disse que não? ) Eu sei que o correto e coerente seria deixar ele narrar com as próprias palavras e patadas dele nossas filosofias, até porque eu também tenho muito de gato, e me imponho muito no que participo, mas daí entram dois fatores dramáticos:
1) preguiça
2) patas muito grandes _ gato, sim, mas visivelmente descendente de leão
Mesmo assim, esta é apenas uma apresentação barata. Ele ja está reclamando de eu dar mais atenção as teclas do que a ele, ja pulou do colo e está miando brabo. Virou sua bundinha redonda pra mim (sempre me recordo do Simba cantando Hakuna Matata quando ele faz isso; talvez pela reboladinha do Pumbaa) e já está inacessível a papo e a alimentos. O drama agora perpetuará por uns 20 minutos, mas retornará na hora de seu remédio.
MEU DEUS! Será ele mais coerente do que qualquer pessoa que eu me relaciono???